10/06/2009

BALCÕES (Sítio, Pico e Miradouro dos)

Miradouro dos Balcões - Ribeiro Frio
(Ao fundo, a Penha d' Águia - Foto do autor)

BALCÕES - Segundo o Padre Fernando Augusto da Silva, no seu opúsculo “Vocabulário Madeirense”, editado em 1950, pela Junta Geral do Funchal, o vocábulo balcão significa «mirante ou um mostrador dos estabelecimentos de venda». Um «mirante», segundo o Dicionário de Língua Portuguesa, 6ª Edição, da Porto Editora, é o mesmo que, «miradoiro ou miradouro (do latim - mirante)».
Na Ilha da Madeira, devido à sua constituição geológica aliada às altitudes, existem muitos mirantes naturais, conhecidos popularmente por balcão ou balcões. Alguns, são precedidos pelo nome do lugar onde se situam geograficamente, constituindo-se em topónimo. Por balcão ou balcões, são designados os lugares com características espontâneas de miradoiro ou miradouro.



Cabeço da Lenha - Balcões
(No cimo e à esquerda, o Pico do Areeiro - Foto do autor)

Igualmente, também são conhecidos por balcão ou balcões na Madeira, as partes dos logradouros das propriedades urbanas e rústicas, aonde normalmente se situa a varanda, complementada por bancos e caramanchões, para repouso e deleite dos proprietários e visitantes, a fim de observarem as vistas por vales, lombos e lombadas, assim como, por ruas, estradas, caminhos e veredas, que as circundam. Neste contexto, o termo balcão poderá ser sinónimo de varanda.


Balcão
(Foto do autor)

No «Funchal Antigo», segundo o Elucidário Madeirense, a «igreja que tomou por orago Nossa Senhora da Conceição, vulgarmente Nossa Senhora do Calhau, destruída pela aluvião de 1803, já em 1508 estava edificada na margem esquerda da ribeira de João Gomes» […], e «para leste dessa igreja estavam as ruas dos Balcões e de Santa Maria, esta menos extensa provavelmente do que agora é, mas com muitas casas grandes e bem construidas: em que residiam vários fidalgos e homens abastados». Desconhecemos se o nome desta rua, do «Funchal Antigo», possivelmente localizada próximo do antigo Campo de D. Carlos ou do Almirante Reis, hoje Jardim do Almirante Reis, teria alguma relação com as «casas grandes e bem construídas», provavelmente por terem opulentas varandas (ou balcões), ou por existirem estabelecimentos comerciais.




Chão dos Balcões ou Chão da Lagoa (ou das Lagoas)
(Visto do Pico dos Esteios - Serras de São Roque - Funchal - Foto do autor)

Na Madeira, poderemos dar como exemplos de topónimos com o vocábulo «balcões»: o sítio e miradouro dos Balcões, localizado no Ribeiro Frio; o sítio do Chão dos Balcões, actualmente mais conhecido por Chão da Lagoa (ou das Lagoas), no Montado do Barreiro (Parque Ecológico do Funchal); e o Pico dos Balcões, no Paul da Serra, onde analogamente próximo deste ocorre as nascentes conhecidas, por Fontes dos Balcões.*
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Vale da Fajã da Nogueira - Ribeira da Metade (ou da Ametade)
(Miradouro dos Balcões - Foto do autor)

Situado cerca de 15 Km da cidade do Funchal, o sítio do Ribeiro Frio, atravessado pelo ribeiro do mesmo nome, e na margem da vereda que percorre a Levada da Serra do Faial, também conhecida por Levada do Furado, encontra-se um miradouro, a cerca de 800 metros de altitude, onde denominam por Balcão ou Balcões. Aqui, desfruta-se duma surpreendente paisagem sobre a Ribeira da Metade (ou da Ametade) e o vale da Fajã da Nogueira, assim como, parte do "Maciço Montanhoso Central" da Madeira. A sudoeste e a montante deste, e próximo do sítio do Cabeço da Lenha, a norte da Achada Grande, localiza-se o sítio dos Balcões, a cerca de 1419 metros de altitude, com as características naturais de mirante, igualmente, sobre a vertente norte da Madeira.



Pico dos Balcões (ao centro), visto do Pico da Selada
(À direita, Estrada do Fanal - Foto do autor)

No Paul da Serra e à esquerda da estrada que se dirige para o Fanal, próximo do sítio do Rabaçal, entre as ribeiras: dos Cedros, da Água da Negra e do Risco, afluentes da Ribeira da Janela, encontramos o Pico dos Balcões, a cerca de 1249 metros de altitude, de onde se alimenta na sua base, a Levada Nova do Rabaçal (ou das Vinte e Cinco Fontes). A Levada Nova do Rabaçal, tem origem na Ribeira dos Cedros, à cota de 990 metros. São seus afluentes, as designadas Vinte e Cinco Fontes, e as captações das ribeiras anteriormente citadas, da Água da Negra e do Risco.



Ribeiras: dos Cedros, da Água da Negra e do Risco
(Rabaçal - Foto do autor)



Levada Nova do Rabaçal
(Ou das Vinte e Cinco Fontes - Foto do autor)





Bibliografia:

 
COSTA, J. Almeida e MELO, A. Sampaio (1990). Dicionário Editora de Língua Portuguesa. Dicionários “Editora”. 6.ª Edição. Porto Editora Lda. Porto.
NEVES, Henrique Costa e VALENTE, Ana Virgínia (1992). Conheça o Parque Natural da Madeira. Secretaria Regional da Economia - Parque Natural da Madeira. Funchal.
PIO, Manuel Ferreira (1974). O Concelho de Santana: Esboço Histórico. Editorial Eco do Funchal. Funchal.
SERVIÇO Cartográfico do Exército (1974). Carta Militar. Serie P 821. Edição 1 - S. C. E. P. (Trabalhos de Campo de 1965). Lisboa.
SILVA, Padre Fernando Augusto da e MENESES, Carlos Azevedo de, (1984). Elucidário Madeirense. Fac-símile da edição de 1946. Secretaria Regional de Turismo e Cultura - Direcção Regional dos Assuntos Culturais. Funchal.
SILVA, Padre Fernando Augusto da (1934). Dicionário Corográfico do Arquipélago da Madeira. Edição do Autor. Funchal.
SILVA, Padre Fernando Augusto da (1950). Vocabulário Madeirense. Edição da Junta Geral do Funchal. Funchal.
VELOSA, Manuel Teixeira, e VELOSA, Virgínia Sousa Filipe, (2000). Faial - Memórias de uma Freguesia. Editorial Calcamar - Lugares Pitorescos - 2. Funchal.

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