31/03/2009

AVICEIRO e AVICEIROS (Sítios e Lugares)

Sítio do Aviceiro - Quinta Grande
(Foto do autor)


AVICEIRO e AVICEIROS - Segundo o Padre Fernando Augusto da Silva, no seu opúsculo “Vocabulário Madeirense”, editado em 1950, pela Junta Geral do Funchal, aviceiro, é um «terreno inclinado ou pouco produtivo». Assim, o vocábulo aviceiro (a+viceiro), para além do significado anterior, traduz igualmente um terreno com pouca exposição solar. Por outro lado, um terreno viceiro (de certa qualidade, ou viçoso) é nutrido, produtivo, fresco e repleto. Do vocábulo anterior viceiro, desconhece-se qualquer topónimo no arquipélago madeirense. Mas, de aviceiro, muitos sítios e lugares na Madeira foram apelidados com este termo. Estes localizam-se geograficamente em áreas de terrenos inclinados, de pouca exposição solar, logo pouco produtivos e menos exuberantes.


Idem
(Foto do autor)


Um dos sítios mais proeminentes com o topónimo aviceiro na Madeira, é o sítio povoado da freguesia da Quinta Grande, concelho de Câmara de Lobos, localizado a cerca de 450 metros de altitude. Segundo o Elucidário Madeirense, do mesmo autor acima supracitado, é o sítio «onde existiu, uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Cadeira» num «lugar que chamam Cadeirinha» […], «dentro dos actuais limites da freguesia da Quinta Grande» e que «teria outra invocação esquecida pelo tempo».


Idem
(Foto do autor)


Em tempos remotos, foram os terrenos do sítio do Aviceiro e os restantes da freguesia da Quinta Grande pertença da Companhia de Jesus, uma das muitas propriedades que os jesuítas possuíam na Ilha da Madeira. Estes terrenos, inicialmente pertenciam à freguesia do Campanário, e segundo o Elucidário, «pela sua extensão e importância, era conhecida pelo nome de Quinta Grande», e que os mesmos, «pertenceram primitivamente ao descobridor João Gonçalves Zargo e passaram à posse de alguns dos seus descendentes, ignorando-se quando foram por estes alienados e quando deles foi feita doação ou venda aos membros» […], da Companhia de Jesus.


Pico do Galo e Sítio do Aviceiro
(Foto do autor)


Os jesuítas foram desapoderados dos suas propriedades, por «ocasião do confisco de todos os seus bens, feito no ano de 1759», segundo o mesmo Elucidário, «tendo nos anos seguintes sido dada de arrematação a renda do mesmo prédio, até que no ano de 1770 foi vendido em hasta pública e arrematado por João Francisco de Freitas Esmeraldo». Por carta régia de 24 de Julho de 1848, a Quinta Grande, foi elevada à categoria de paróquia autónoma versus freguesia.


Igreja da Quinta Grande
(Foto do autor)


Na freguesia da Quinta Grande são ainda conhecidos pelo topónimo de Aviceiro, um caminho e uma vereda. Nas serras da mesma, que também são comuns às freguesias do Campanário e Jardim da Serra, a cerca de 1220 metros de altitude (Casa do Dr. Alberto), existe um montado com o topónimo Aviceiros (Montado dos Aviceiros), em tempos pertença de um conhecido advogado madeirense, o Dr. Alberto Araújo.
Os topónimos aviceiro e aviceiros, para além do concelho de Câmara de Lobos, generalizou-se por outros concelhos da Madeira.


Aviceiro ou Fonte do Aviceiro - Santo António - Funchal
(Foto do autor)




Bibliografia:

SERVIÇO Cartográfico do Exército (1974). Carta Militar. Serie P 821. Edição 1 - S. C. E. P. (Trabalhos de Campo de 1965). Lisboa.
SILVA, Padre Fernando Augusto da e MENESES, Carlos Azevedo de, (1984). Elucidário Madeirense. Fac-símile da edição de 1946. Secretaria Regional de Turismo e Cultura - Direcção Regional dos Assuntos Culturais. Funchal.
SILVA, Padre Fernando Augusto da (1934). Dicionário Corográfico do Arquipélago da Madeira. Edição do Autor. Funchal.
SILVA, Padre Fernando Augusto da (1950). Vocabulário Madeirense. Edição da Junta Geral do Funchal. Funchal.
Links: Câmara de Lobos - Dicionário Corográfico. Diocese do Funchal.

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