09/12/2009

Lapinha: o Presépio Madeirense

Escadinha
(Foto do autor)

De uma maneira geral, na tradição madeirense existem dois géneros de presépios (também conhecidos por lapinhas): a escadinha e a rochinha.
A escadinha reproduz de certa maneira o altar onde o Menino é enaltecido no cimo do último degrau. Alvitra-se que foi introduzido no arquipélago por colonos algarvios ou por religiosos franciscanos (?), que foram os precursores do culto do Presépio. A tradição da escadinha é habitual no Algarve e nos Açores. Nestas regiões, este tipo de presépio é conhecido por altarinho. Para além do actual espaço geográfico português, a mesma tradição é ainda hoje usada nos países que falam a língua portuguesa, designadamente no Brasil.

Escadinha
(Foto do autor)

A rochinha, inspirada na orografia madeirense, onde a Natividade é representada numa lapa ou gruta, "rodeada" de lombos, lombadas, vales e quedas de água, "povoada" por um casario disperso onde caminhos e veredas orientam as figuras (Reis Magos, pastores e ovelhas), para o "centro" da devoção do acto natalício, onde o Menino placidamente descansa no berço junto à manjedoura, amparado pelo olhar atento dos Pais. Toda esta ambiência, recorda o cenário concebido por São Francisco de Assis em 1223, segundo os cronistas, que em vez de comemorar a véspera de Natal nas igrejas, como era costume, fê-lo na floresta de Greccio, local para onde mandou transportar uma manjedoura, um boi e um burro, para melhor aclarar o cerimonial aos devotos. Poderemos nos atrever a dizer que a rochinha é “mais madeirense” que a escadinha.

Lapa ou gruta
(Foto do autor)

Do vocábulo lapa (gruta), provém a designação de lapinha ao presépio madeirense, e igualmente, designa alguns topónimos madeirenses, como por exemplo, a Ribeira da Lapa (próximo do Curral das Freiras) ou a Lapa da Cadela (próximo do Pico Ruivo). Com a mesma destreza popular, os madeirenses denominaram os dois tipos de presépios (a escadinha e a rochinha) por lapinhas. Era comum nas visitas natalícias aos familiares e amigos, ouvirmos o seguinte "convite verbal": – Venham ver a minha lapinha! De facto, por aquilo que nos recordamos de outros tempos, muitas vezes a lapinha poderia ser uma escadinha ou uma rochinha! Por outro lado, denominar gruta por lapa, não é exclusivo da Madeira. O mesmo vocábulo é usado no território continental português, igualmente constituindo-se em topónimo, como por exemplo em Coimbra (Lapa dos Esteios) ou em Arronches, Portalegre (Lapa dos Gaivões), entre outros locais.

Rochinha
(Foto do autor)

Na construção dos dois tipos de presépios, para além das suas diferentes formas, são utilizados materiais, que vão de tábuas, tecido, papel, troncos, rizomas de canavieira, feijoco ou fajoco (materiais piroclásticos), areia e algodão, etc.
Na ornamentação, são utilizados os produtos da terra (frutas), plantas endémicas, de entre as quais, os alegra-campos (Semele androgyna), as cabrinhas (Davallia canariensis), os ensaiões, e várias espécies de musgos e de líquenes, etc.
Pequenos vasos (cântaros), denominados de searas, decoram outros espaços nos presépios, no desígnio popular de obter a bênção do Menino para boas colheitas no cultivo das courelas e das hortas madeirenses. Estas searas, são na sua maioria constituídas por trigo, milho, lentilhas, favas, ervilhas e tremoços, conforme algumas localidades do arquipélago. As mais usadas são as de trigo e milho.

(Gentes - foto do autor)

No Arquipélago da Madeira, as suas gentes comemoram as festas do Natal desde o dia do Nascimento de Jesus até ao dia de Reis.
O Natal madeirense é mais conhecido por " A FESTA"


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